Poesia viajante
Durante as andanças bem-aventuradas da viagem de volta ao mundo que começou em 2016 e que deu origem à Afrikkana, eu costumava recitar um poema que escrevi para mim mesmo:
O mantra do peregrino:
O sol nasce e com ele mais um passo da minha jornada.
Que a gratidão aos meus antepassados não abandone nunca a luz da minha consciência. Sou o que sou porque um dia eles foram, e honrarei a sua história através da minha própria.
Que a saudade que sinto pelos que tanto amo me lembre do porque resolvi partir. Sou o próprio vento que venta porque decidi pela liberdade, e seguirei sempre o caminho que tiver mais corações.
Que eu me sinta mais parte do todo a cada passo. Sou porque somos todos nós e reconhecerei sempre os outros como parte de mim mesmo.
Que eu pratique sempre a beleza de testemunhar a vida. Sou também toda a minha paisagem e serei sempre um único instante.
Que eu não peça a Deus que tire montanhas do meu caminho, mas que me dê forças para escalá-las. Sou o guerreiro da guerra pacífica – e sei da dificuldade da batalha.
Que eu tenha a disciplina necessária para ser a mudança que quero pro mundo. Sou a rota que eu mesmo desenhei, meu corpo é meu veleiro e a vontade é direção.
Que eu tenha a sabedoria necessária para me desvincular do Ego. Sou exatamente o que sou e não há necessidade de ser nada diferente disso.
Que eu possa chegar no final dessa viagem com a coragem de mudar e com a ousadia de sentir. Sou o meu próprio destino e é nele que eu confio.
Que se faça a vontade de Deus em mim.