Migração planetária
No programa especial do dia da mulher, no Podcast “Palestras Filosóficas Nova Acrópole”, a célebre convidada Lúcia Helena Galvão apresenta a constatação de que, estatisticamente, matriarcas tendem a apresentar um maior potencial de manter a coesão do círculo familiar do que o patriarca, na ocasião de falecimento de seu companheiro.
Enquanto estive em convivência com povos originários no continente Africano – no Marrocos, no Egito, no Quênia e em Uganda – pude perceber também a marcante potência feminina manifestando a energia do cuidado. Não necessariamente a coesão apenas do seu círculo familiar, como deixando essa força cuidadora ecoar por toda uma comunidade, e às vezes até mesmo para fora dela.
Também ao meu ver estatístico, homens da tribo que de alguma forma ganham certo poder aquisitivo tendem a deixar o lugar, buscando ir para um lugar “melhor” – geralmente grandes cidades ou para os que estiverem dispostos a caminhar bastante – a tão sonhada Europa. As mulheres, por outro lado – segundo a minha percepção estatística dos meses que estive lá e das histórias que ouvi – geralmente permanecem e possuem o primeiro instinto de cuidar dos seus arredores.
Seja de seus familiares, bancando-lhes os estudos, ou de seus amigos, servindo-lhes alimentos regados de muito amor, ou de suas paisagens – investindo em coisas que, de alguma forma, vão embelezar seus arredores e potencializar a felicidade de seus conterrâneos.
O paradigma é o de que muito mais vale um filho inteligente do seu lado do que todos os carros importados que o seu dinheiro pode comprar. Mais vale amigos felizes e gratos, ruas lindas e felizes – do que uma conta bancária recheada. É o paradigma de que mais vale cuidar do que usar. Você pode comprar uma casa mas não pode comprar um lar. Você pode comprar comida mas não pode comprar apetite. Você pode comprar um bom relógio mas não pode comprar tempo. Essas coisas você só consegue cuidando: da família, da horta e de você mesmo.
Estamos aqui para aprender, e aprendemos mais quando cuidamos uns dos outros – e isso inclui as paisagens, as plantas, os animais, os microorganismos e os seres que às vezes nem sabemos que são seres de verdade: como as PEDRAS!
As mulheres parecem sentir mais, perceber o que está nas entrelinhas dos detalhes. A essa qualidade se dá o nome de Requinte, segundo a convidada do Podcast. Na verdade, as mulheres não: a energia feminina. Presente em todos nós. Com potencial de manifestação em todos nós. Em eminência para todos nós. Que – entre idas e vindas – alternamos todos nós.
O momento planetário que vivemos pede por vigorosidade nos valores femininos. Talvez perceber os detalhes para reconhecer o óbvio pode ser justamente o que nos salvará da extinção. Durante o programa, Lúcia argumenta da importância do surgimento de uma “segunda revolução feminina” depois das conquistas do que considera a primeira – onde as mulheres reconquistaram parte do seu lugar na sociedade, porém ainda enaltecendo valores masculinos.
Desta vez, que seja uma que preserve, valorize e amplifique esses valores femininos!
No nosso contexto, isso significa cuidar mais. A Alquimia Afrikkana nada mais é do que uma forma de cuidado com a nossa própria biologia (não-violência biológica), com os outros (não-violência Antropológica) e também com a paisagem na qual habitamos (não-violência Ecológica). Temos um outro post que fala um pouco melhor sobre esses três pilares e sobre como eles se relacionam com esse tema.
As chamadas Comunidades Intencionais – como o que estamos desenvolvendo com a ponte entre Imaruí (SC) e Kitgum (Uganda) – surgem da manifestação da energia do cuidado em sua plena potência nas estruturas sociais.
O lançamento do nosso último produto – em parceria com a Nua Natural Beauty – é um exemplo da manifestação desse cuidado com um dos mais queridos da rotina de cuidado pessoal: OS CABELOS! Que representam um arquétipo do poder que acompanha a energia da beleza, um valor autenticamente feminino. A Flávia, curadora da nossa marca parceira, tem sido uma guia incrível para dentro do universo das alquimias!
Que o nosso – Óleo Reparador de Pontas – possa ser, tanto para homens quanto para mulheres, o resgate dessa energia de cuidado manifestado na nossa rotina.
Normalmente termino os textos com “Apwoyo Matek”, que é uma saudação em língua Acholi – tradicional na tribo onde estive. Entretanto, como nesse produto não vai Karité e o principal ator aqui é o Argan, achei justo trocar para:
SALAMALECO!
Palavras típica Árabe, vastamente usada no Marrocos – de onde vem esse nosso elixir dos cabelos – significado aproximado: Que a Paz vá com você! Usado também como saudação…